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'Eles não podem fazer p... nenhuma', fala Cid a oficial do Exército em relação ao fim de acampamentos golpistas
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Mensagem foi compartilhada pelo então ajudante de ordens de Bolsonaro a um oficial do Exército no RS, que se demonstrou preocupação com desmonte da estrutura.
- Por Camilla Ribeiro
- 14/02/2024 12h39 - Atualizado há 8 meses
A investigação que causou a Operação Tempus Veritatis, a Polícia Federal (PF) deu ênfase nas mensagens do tenente-coronel Mauro Cid, à época ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL) na Presidência, que mostram "anuência de militares com manifestações antidemocráticas" na frente de quartéis.
Como resposta a um oficial do Exército que relatou preocupação com uma recomendação do Ministério Público Federal, Cid orientou seu interlocutor a ignorar o órgão.
Fabiano de Moraes, o procurador da República, havia recomendado que a estrutura usada por manifestantes golpistas que acampavam em frente a uma unidade do Exército em Caxias do Sul (RS) fosse desmontada.
"Cara, vou ser bem sincero contigo. Tá recomendado... manda se foder! Recomenda... está recomendado. Obrigado pela recomendação (...) Eles [o MPF] não podem multar. Eles não podem prender. Eles não podem fazer porra nenhuma.
Só vão encher o saco. Mas não vão fazer nada, não", falou Cid em áudio transcrito pela PF.
Esse áudio foi enviado ao tenente-coronel Alex de Araújo Rodrigues, à época subcomandante do 3° Grupo de Artilharia Antiaérea.
Rodrigues pediu auxílio a Cid pois, em suas palavras, "o MPF está colocando a gente contra a parede".
Ademais, Rodrigues compartilhou com Cid o texto da recomendação feita pelos procuradores de Caxias do Sul.
O texto recomendava à unidade militar que fossem implementadas providências para retirar banheiros químicos, tendas e barracas utilizadas pelos manifestantes, que estavam ocupando uma área da União.
O MPF relata, na recomendação, que a ocupação da área militar ocorria "de forma permanente e indevida, por manifestantes que incitam animosidade das Forças Armadas contra os poderes constituídos".
Com base na resposta de Cid, Rodrigues sugere para o então ajudante de ordens alertar "Alves" sobre a orientação, pois esse estaria "desesperado" com as medidas do MPF.
De acordo com a PF, "Alves" seria o tenente-coronel Anderson dos Santos Alves, comandante do 3° Grupo de Artilharia Antiaérea.
Conforme a investigação, a conversação entre Cid e Rodrigues é um dos fatores que mostram que militares anuíram com os acampamentos golpistas, que depois, saíram os manifestantes que destruíram as sedes dos Três Poderes no 8 de janeiro de 2023, no caso de Brasília.